domingo, 6 de junho de 2010

O Que É Um Evangelista

“... Faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.”
2 Timóteo 4.5

Ser um evangelista não é ser aquele que dirige cultos ou prega nos mesmos ou em campanhas evangelísticas. Embora possa ter êxito, ele não se torna evangelista por estar ali somente. Pode-se evangelizar sem ter o chamado para o evangelismo.
Também não é aquela pessoa que prega a salvação, a tempo e fora de tempo, apenas por pregar. Como aquele ‘evangelista’ que diz ganhar almas pregando em programas de rádio para evangélicos, e nunca se preocupando com quantas almas estão perecendo sem que alguém se importe com elas.
Não é aquele que, mesmo que sinceramente, quer cumprir em sua vida a Grande Comissão que Jesus deu a todo o Corpo. “IDE!” Podemos cumprir tal comissão pois é uma obrigação de todos os membros do Corpo de Cristo, sem exceção, de pregar a salvação em Jesus Cristo. Mas isso não faz de nós, evangelistas. Todo crente, que recebe a Jesus como seu Senhor deve propagar o Evangelho e alguns fazem isso com muita alegria.
Antes de mais nada temos que ter uma perspectiva bíblica do que é um evangelista. Ele é um dom de Deus para a Igreja: “E ele mesmo deu uns para... evangelistas” (Ef 4.11).A palavra “evangelista” vem do vocábulo grego euaggelistás, e quer dizer mensageiro das Boas-Novas. A Bíblia em Inglês Básico de 1965 diz “pregadores de boas-novas”. [Uma tradução em inglês (Goodspeed) diz missionário. Analisando minuciosamente os termos seriam sinônimos do mesmo trabalho, apesar do termo missionário ter sido uma substituição, no latim, para apóstolo.] “O evangelista desempenha a obra de um missionário, levando o Evangelho a lugares, onde ainda é desconhecido.” [O. S. Boyer, Pequena Enciclopédia Bíblica, Ed. Vida, 1986, pág. 252]
O evangelista é alguém especial e completamente capacitado para comunicar o Evangelho e levar descrentes à fé em Cristo. Ele sempre conduz um número maior de pessoas a Cristo, e isto, com muito mais facilidade, porque comunica melhor a palavra da fé. Ele não prega mensagens complicadas, mas simples, com convicção e objetividade, as quais explodem nos corações dos perdidos que o ouvem. Ele não precisa ser um bom orador, nem um teólogo, nem trazer mensagens recheadas de coisas novas. Isto porque ele é ungido por Deus para realizar tal tarefa. Os evangelistas são “especialmente talentosos, dotados do dom da fé, de exortação e de outras manifestações espirituais apropriadas para seu ofício, os quais [os evangelistas] eram apresentados à Igreja para multiplicá-la em número.” [R. N. Champlim, J. M. Bentes, Enciclopédia Bíblica: Teologia e Filosofia, Ed. Candeia, 1991, Vol. II, pág. 606] “Ministros especiais do Evangelho, com poderes quase apostólicos eram chamados ‘evangelistas’ no Novo Testamento, como nos casos de Filipe (At 21.8) e Timóteo (2Tm 4.5). [R. N. Champlim, J. M. Bentes, Enciclopédia Bíblica: Teologia e Filosofia, Ed. Candeia, 1991, Vol. II, pág. 606]
O evangelista pode ter muitas formas de cumprir sua tarefa. Ele pode ser um pregador de corpo-a-corpo, um evangelista pessoal. Alguém que comunica-se pessoalmente com o descrente e o leva direto a Deus. Ele “é dotado da capacidade de transformar churrascos em eventos evangelísticos, jogos de futebol em cultos informais, jantares informais em ceias de salvação. Tudo isto no entanto, num clima de informalidade e espontaneidade, onde as coisas acontecem sem nenhum tipo de desconforto ou imposição artificial da mensagem. E mais, os resultados são geralmente muito positivos” [Caio Fábio D’Araújo Filho, Espírito Santo: O Deus Que Vive Em Nós, Ed. CLC, 1993, pág. 115]
O evangelista pessoal cria rapidamente um vínculo muito forte com outras pessoas. Ele costuma atrair as pessoas para perto de si. Usa qualquer assunto para prender a atenção de seus ouvintes. Não se limita aos ambientes, mas, prega em todos os lugares onde há pessoas que precisam de salvação. “Esse método do santo cara-a-cara, é e sempre será o maior e melhor de todos os meios evangelísticos.” [Caio Fábio D’Araújo Filho, Espírito Santo: O Deus Que Vive Em Nós, Ed. CLC, 1993, Pág. 116].
Já o evangelista de multidões, ou de massas, é aquele que prega diretamente para grandes concentrações de pessoas. Trazendo uma mensagem que é comum aos ouvintes e prendendo sua atenção, ele consegue atingir a todos de uma só vez com a mensagem da cruz de Cristo. Usando desde púlpitos de igreja a palanques de estádio, este evangelista consegue pregar a centenas de pessoas parecendo que está falando diretamente com cada uma delas.
Este tipo de evangelista pode precisar de métodos específicos para ministrar—o que não acontecia na Igreja Primitiva. Anúncios e divulgação por rádio, televisão, out-doors; preparação do lugar, uma completa equipe de assessores etc. Ele pode precisar disto, mas dependerá somente da unção de Deus. Não importa sua necessidade contanto que a unção divina se faça presente.
Um evangelista é muito mais que um simples homem ou mulher. Ele é dom de Deus, pelo Espírito Santo, dado à Igreja para o aperfeiçoamento dos santos. Não é alguém que escolheu simplesmente estar ali, mas um ungido. Alguém com um inconfundível e irrecusável chamado especial.

O Chamado
“Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.”
Romanos 9.16

O chamado não é somente a vontade que alguns têm de trabalhar como evangelistas, ou sentem-se como tal; não é sentir uma obrigação de ganhar almas como dizem alguns: ‘vou pregar porque não tem outro jeito’; não é ter o desejo de encaixar-se no programa evangelístico de sua igreja.
“Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! E, por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada” (1Co 9.16, 17). Paulo sentia obrigado a pregar porque ele recebeu de Deus o chamado para tal.
“...Eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Os serafins estavam acima dele... E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória... Então, disse eu: ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o SENHOR dos Exércitos! Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado. Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.1-8).
Deus em Sua infinita misericórdia e amor nos dá privilégios realmente admiráveis. Ele poderia com seu poder enviar anjos. Ou escrever nos céus Sua Palavra. Ou usar outros meios existentes ou não, visíveis ou não, para fazer com que o mundo seja salvo e os santos seja aperfeiçoados. Mas Ele escolheu nos dar esta graça. A graça inefável de sermos cooperadores de Deus. Porque Ele deseja usar instrumentos humanos a fim de realizar a sua obra.
O chamado vem de Deus e somente dEle. E este vem com o ‘pacote completo’, ou seja, o Deus que nos chama é fiel e poderoso para nos capacitar completamente para o serviço. “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1Ts 5.24). O modo como acontece o chamado pode e vai variar de pessoa para pessoa, mas existem princípios gerais. O chamado pode ser identificado principalmente pelo seu ingrediente peculiar: A unção de Deus para evangelizar.
O chamado é sintomático, sendo que os sintomas ou características podem variar de grau e intensidade. O chamado somente poderá ser caracterizado pela combinação dos fatores listado a seguir. Fatores que sozinhos não podem constituir o verdadeiro chamado de Deus para o evangelismo:

a. Quando uma pessoa recebe o chamado de Deus para o ministério, no nosso caso evangelismo, a primeira ação que Deus opera no coração do crente é a certeza da salvação. “Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa viva... e com ela tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado” (Is 6.6, 7). É surpreendente o número de cristãos que não têm certeza da salvação. É necessário ao evangelista, sentir-se definitiva e completamente salvo, ou não poderá anunciar a mensagem da salvação com total determinação. Sem a certeza da própria salvação ele será como o vendedor que sabe que seu produto não é bom, nunca vai vender bem. A salvação daquele que anuncia as boas-novas precisa ser patente. Se alguém não tem certeza de sua salvação, como disse o evangelista Charles Finney, deve, então, arrepender-se a aceitar a Jesus novamente.

b. Para ser um ungido do Senhor para evangelismo é necessário que haja uma compaixão e empatia muito grande com os perdidos. O peso pelas almas é algo que ocorre no coração de Deus e é transmitido ao coração do evangelista. Este passa a ver o mundo perdido sob a perspectiva de Deus. Passa a sentir a dor do mundo perdido, um pesar especial por causa do clamor das almas. Este pesar pode ser maior por um grupo específico de pessoas. Levando o evangelista a ministrar diretamente e quase exclusivamente aquele grupo-alvo. Que pode ser um país, mendigos, viciados, adolescentes, crianças, idosos, punks, hippies ou outros grupos de pessoas. O evangelista pode ver estes grupos de modo tão peculiar que geralmente poucas pessoas entendem sua dedicação por esses que dificilmente serão conquistados por uma evangelização generalizada. É o caso de Hudson Taylor pela China. Este peso pelas almas pode ocorrer pela proximidade do pregador com os perdidos ou não. Pode ocorrer por meio de perdas irreparáveis como no caso de D. L. Moody que deu às pessoas que o ouviam uma semana para se decidirem por Jesus. No meio da semana um incêndio matou a todos. Pela perda de quase oitocentas pessoas Moody nunca mais perdeu a oportunidade de levar homens à salvação. O pesar pela perdição das almas também acontece porque o evangelista veio de lá. Da perdição. Ele sabe, já sentiu na pele, o que as pessoas perdidas sentem. Ele solidariza com elas por saber a sua dor e prisões. Seu coração dói por eles. “Sejam apenas seres humanos entre seres humanos. Mantenham-se livres de todos os pecados e vícios, mas liguem-se aos vossos semelhantes em perfeito amor e solidariedade, dispostos a fazer tudo que possam para levá-los a Cristo, de modo que vos seja possível dizer com o apóstolo Paulo: “... sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns” (1Co 9.19-22). [Charles H. Spurgeon, O Conquistador De Almas, Ed. Pes, 1986, Pág. 56]

c. Após ter esta revelação do que há no coração de Deus e o Seu desejo de que alguém se disponha a ir. O evangelista sente sua própria responsabilidade. O senso do dever toma conta de seu cotidiano. Transformar o mundo para a ser sua meta. Não importa se outros farão ou deixarão de fazer a obra. Ele quer fazer a sua parte. Ele percebe que é uma necessidade de Deus ter quem anuncie ao mundo a salvação em Jesus. Ele sabe que o Senhor da Ceifa o está chamando direta e pessoalmente e ninguém fará o seu trabalho. “E teve Davi desejo e disse: Quem me dera beber da água da cisterna de Belém...!” (2Sm 23.15). Sobre o desejo de Davi, o evangelista Reinhard Bonnke comenta: “Para um desejo pouco mais que um sussurro, os homens de Davi dispuseram-se a agradar-lhe. Podiam ter trazido água de um lugar mais seguro, talvez até água melhor. Mas, isto não teria satisfeito o seu sentimento de profunda devoção ao seu senhor. Por Davi, não tinham as próprias vidas como preciosas... Quantos de nós estaríamos prontos a agir de modo semelhante para nosso Senhor Jesus? Sabemos qual o Seu desejo—a salvação das almas—precisamos de apelos e ordens antes de o reconhecermos?” [Reinhard Bonnke, Evangelismo por Fogo, Ed. Atos, 1994, pág. 194, 195]

d. Esta mudança de visão e coração do evangelista, salvo exceções, acontece gradualmente. Por isso, quando alguém recebe a confirmação do chamado de Deus, sabe-se que não é emocional ou momentâneo. A pessoa percebe que Deus moldou as situações para que ela visse a seara e fosse tocada profundamente por esta visão. Como disse o evangelista Benny Hinn: “... Percebi que tudo na minha vida, incluindo minhas inacreditáveis experiências nos meses recentes, tinham um único propósito: impulsionar-me para pregar o evangelho.” [Benny Hinn, A Unção, ed. Unilit, 1992, pág. 25] Nesta transformação Deus age de acordo com a entrega ou rendição da pessoa chamada, pois Ele espera uma resposta do homem durante este processo. “Duas influências causam impacto para a formação de cada crente [leia-se evangelista]: a graça de Deus e a resposta do homem.” [Curso Fundamental, Sec. 5, Formação Espiritual, Editado Pela IDP, Pág. 1] Sendo fiel no pouco Deus o vai transferindo para o muito. Quanto mais obediente mais se lhe é revelada a vontade de Deus.

e. Havendo uma resposta positiva da parte do homem ao chamado de Deus só lhe resta fazer uma única coisa. O evangelista mundial Morris Cerrullo comentou que uma lâmpada para estar acessa precisa da energia elétrica que vem do fio positivo. Mas para acender ele precisa também do fio negativo. O nosso fio positivo é a unção vinda direto do Espírito Santo. O fio negativo obviamente são as almas perdidas. A unção é a confirmação do chamado divino. E a unção só se manifesta havendo o fio negativo. Como saberei que Deus cura através de mim se estou pregando onde não há enfermos? Como saberei que o Senhor me ungiu para evangelizar se me escondo atrás de um púlpito e prego para crentes? A única coisa que resta ao evangelista para que seu chamado seja inegável é sair ao campo.
Se você não tem recebido o chamado direto de Deus. Não pense que por isso não tem que ganhar almas. Veja o que Paulo diz a este respeito: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal. Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos” (2Co 5.10, 11).
O chamado não isenta o homem de qualquer responsabilidade pessoal. Por ter recebido o chamado de Deus a pessoa deve ter maior temor ainda pois agora ela é responsável por si mesmo e por outras vidas. O chamado vem com suas responsabilidades e também seus privilégios. A tragédia é que muitos ministros abusam de seus privilégios e negligenciam suas responsabilidades. Lembre-se “... a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12.48).
Tendo consciência do chamado a pessoa será levada a assumir um compromisso com Deus pelo mundo perdido.

O Compromisso
“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.
Atos 20.24

Em toda a Escritura vemos que os homens chamados por Deus se dispuseram prontamente a cumprir o que lhes foi mandado. Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Jesus, Pedro, Paulo, etc. A lista é interminável, se considerarmos que ao longo da história e ainda hoje há homens e mulheres dispostos a fazerem o mesmo. Algo parecia movê-los em direção à obediência. Ouvir a voz de Deus não é suficiente. Crer não é o fim das coisas. Alguém pode ouvir e crer e ainda assim não dar um passo para realizar o propósito de Deus. Alguns até se movem, mas param no meio do caminho. O compromisso com Deus é algo que diferencia um chamado por Deus. O compromisso de terminar bem a carreira é o que movia e move os homens de Deus no mundo.
O compromisso é algo que está fora de moda em nossos dias. Não se dá mais tanto valor à palavra de alguém. Não se pode confiar mais por causa de tanto descompromisso. Contratos são quebrados sem a mínima vergonha. Muitos casamentos são desfeitos não por causa da falta de amor entre os cônjuges, mas, por falta de compromisso. Muitos ministros têm sido contaminados por este espírito mundano, fazendo a obra relaxadamente. Muitos estão comprometidos com o retorno financeiro ou prestígio. Outros estão fazendo a obra por não terem outra ocupação melhor, mas que na primeira oportunidade sairão de cena. Você com certeza já viu crentes assim: são fiéis até receberem a sua bênção seja ela casamento, uma casa nova, um carro, uma cura ou outra coisa. Após a bênção estes esfriam na fé. Começam a ver defeito em tudo na igreja. Começam a dar desculpas a sua ausência. Quando isso acontece com ministros é mais difícil de perceber. Não pregam mais a Palavra de Deus mas a palavra da moda. Não se importa com as almas mas com os números. Estas pessoas não querem desposar seriamente com o Senhor e vivem sem compromisso, amasiados com a Igreja. “... Nós comeremos do nosso pão e nos vestiremos de nossas vestes; tão-somente queremos que sejamos chamadas pelo teu nome...” (Is 4.1).
Porém, quando Deus resgatou um povo para Si, Ele o fez povo Seu, propriedade peculiar, “não como as outras gentes”. Portanto não podemos viver segundo os ditames de nossa sociedade corrompida. Deus requer que tenhamos um compromisso com Ele pois diz:“... se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38). O próprio Senhor Jesus disse: “Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc 9.62). É óbvio que compromisso requer renúncia: “... Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24).
Se se comprometer com Deus e consigo mesmo para realizar este trabalho glorioso com certeza terá a necessidade da devida preparação de si mesmo.

Sua Preparação

“Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.”
2 Timóteo 2.3-6

O ditado diz que um homem prevenido vale por dois. Estar preparado é estar sempre um passo a frente dos outros e das situações. Para o evangelista isto é uma regra. Ele deve se preparar para estar sempre pronto a responder a altura de um anunciador de Boas-Novas. A Bíblia compara o crente com um soldado ou um atleta, estes dois títulos em si mesmos denotam preparação. Ninguém é soldado ou atleta sem o devido treinamento e o constante aperfeiçoamento. O evangelista deve preparar tanto a si mesmo como ao ambiente e as pessoas a serem alcançadas através da oração. A si mesmo através da consagração e intimidade com o Senhor Jesus. O bom anunciador das Boas-Novas deve ter a sua vida aos pés da cruz. O ambiente é preparado através da oração de guerra onde amarramos os espíritos e tiramos toda barreira espiritual. “A proclamação funciona bem num ambiente, onde as pessoas têm sido preparadas para ouvir o evangelho.” [Curso Fundamental, Sec. 5, Formação Espiritual, Editado Pela IDP, Pág. 56] A preparação das pessoas através da intercessão e do pagar o preço pela sua conversão.
Estar preparado é muito mais do que estar lendo materiais sobre evangelismo e missões e métodos de pregação. Estar preparado é estar cheio da Palavra da fé, do Espírito do Senhor e da graça salvadora. É estar pronto tanto para pregar quando o Espírito quiser, como para não pregar quando Ele assim o mandar. “E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu” (At 16.6, 7).
“Um ministro pode ter educação, treinamento, personalidade e qualquer outro dom, geralmente considerado como uma necessidade para um ministério próspero; contudo, o fracasso será iminente se ele descuidar do maior de todos os requisitos para alcançar o verdadeiro e permanente ministério—a preparação espiritual de si mesmo.” La Obra Del Ministro, Ed. Ala Blanca, Pág. 2
Não há uma receita de como se preparar para a obra. Porém, o princípio básico é sujeitar-se a Deus em toda a Sua vontade. A preparação é um “mergulho de cabeça” no que Deus tem revelado ao ministro. É o exercício espiritual que ele terá de empreender para ter êxito no serviço. É bom lembrar que isto requer abnegação. Envolver-se completamente nesta tarefa é algo que vai exigir do evangelista esforço, disciplina, dedicação e sensibilidade. Estar preparado envolve estar pronto para qualquer situação inesperada. Como por exemplo, quando Davi foi à peleja contra Golias. Em sua fé ele sabia que uma pedra era suficiente para liquidá-lo, mas ele escolheu cinco pedras (1Sm 17.40); talvez Davi soubesse que este gigante tinha mais quatro irmãos (2Sm 21.15-22). Davi estava plenamente preparado! La Obra Del Ministro, Ed. Ala Blanca, Pág. 26
Se o evangelista se dispuser ao Senhor na preparação de si mesmo para a obra, ele conhecerá profundamente qual a sua missão.

Sua Missão

“E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”
Mateus 4.19

Jesus nos fez um claro chamado para que O sigamos. Mas, o “vinde a mim” inclui uma tarefa especial: deixar com que Ele nos torne pescadores de homens. É importante notar que neste versículo parece haver uma indicação de que, seguir a Jesus nos torna gradativamente pescadores de homens. “e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus” (Mt 10.7). Mateus 28.19 poderia ser traduzido assim: “Portanto, enquanto ides, fazei discípulos todas os grupos de pessoas, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” [A respeito disso, David J. Hesselgrave comentando Mateus 28.19 disse: “A palavra traduzida ‘ide’ é um particípio no original e não um imperativo. Provavelmente deva ser traduzida ‘indo’ ou ‘enquanto ides’ David H. Hesselgrave, Plantar Igrejas: Um Guia Para Missões Nacionais E Trans-Culturais, Ed. Vida Nova, 1984, Pág. 15]
A missão do evangelista se resume em cinco ações: ir, testemunhar, pregar, ensinar e preparar outros para irem também.
Ir. Sair do aprisco para buscar os perdidos. Ir aos lugares mais profundos do inferno para resgatar as almas. Pisar a terra e conquistar as nações para Cristo.
Testemunhar. O conhecimento pessoal da salvação em Jesus e da unção do Espírito farão com que o evangelista seja uma testemunha viva do poder do Evangelho. Este testemunho é feito até mesmo sem palavras por meio de um viver santo e agradável ao Senhor.
Pregar. Pregar a Palavra é um requisito de todos ministro. Contudo, quando falamos em pregar estamos falando daquela mensagem que é poderosa para transformar e é confirmada por Deus através de sinais e maravilhas.
Ensinar. “... todas as coisas que eu vos tenho ensinado.” O evangelista será um canal do Senhor Jesus ao perdidos para que aprendam a verdade que liberta. Ele não vai ensinar simples doutrina e sim uma pessoa: Jesus Cristo.
Preparar outros para irem também. O ciclo da obra do evangelista fará com que seus frutos também frutifiquem. O evangelista enviará outros a fazerem a mesma obra de ganhar almas. Fazer discípulos é criar em outros ministros como nós.
Um evangelista não deve ser apenas um ganhador de almas, mas, um lapidador das mesmas para o serviço cristão. Ele fará verdadeiros discípulos. A missão do evangelista não é ganhar o mundo todo sozinho, mas, as pessoas ao seu redor e alcance. Se Deus o houvesse chamado para ganhar todo o mundo, então poderia estar certo de que Ele não chamaria mais ninguém. Deus não chamaria milhares de homens e mulheres para que cada um deles ganhasse o mundo. Mas, cada um fazendo sua parte, esse mesmo mundo será conquistado aos poucos, por um exército muito bem preparado. É o que está acontecendo hoje no mundo. Um escritor disse que há vários missionários espalhados pelo campo, cada um enviado por organizações diferentes. Contudo, o trabalho que está sendo feito e a maneira como está sendo feito mostra-nos que é na verdade um exército unido. A mesma dedicação, o mesmo espírito, a mesma mensagem, a mesma unção e até os mesmos sofrimentos. Isso acontece porque esses que estão no campo, se entregam de tal forma que demonstram saber qual é a sua missão: ganhar o mundo para Cristo.
Sabendo qual é a sua missão o evangelista terá um propósito definido em sua vida que o levará a ter e viver um estilo de vida próprio de um evangelista.

Seu Estilo De Vida

“Vós sois o sal da terra...”
Mateus 5.13

Nós como cristãos, temos a Bíblia como nossa bússola e espelho. Sabemos por ela onde encontrar Deus e como nos apresentarmos a Ele. Já o homem sem Deus no mundo e sem salvação e que não pode entender a Palavra Viva—porque ela se discerne espiritualmente—tem os cristãos como um guia na busca do espiritual. Ao observarem os servos de Deus eles são tocados, ou não, por sua santidade e modo de viver. Os perdidos, antes de ouvirem a voz do Senhor, querem saber mais sobre quem é Seu arauto e qual o tipo de pessoa que Deus escolheu para lhes anunciar Seu amor. Paulo disse: “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (2Co 3.2, 3). Os homens nos lêem e perscrutam as nossas vidas para ter uma resposta concreta de que o Evangelho é realmente transformador.
Uma das maiores marcas do evangelista é o seu estilo de vida. “Os outros nos conhecem, irmãos, sabem muito mais de nós do que podemos imaginar... O nosso comportamento e as nossas palavras devem constituir a parte mais poderosa do nosso ministério. Isso é o que se chama ser coerente, quando os lábios e a vida estão de acordo.” [Charles H. Spurgeon, O Conquistador De Almas, Ed. Pes, 1986, Pág. 127] Ele deve demonstrar, pela sua maneira de viver, que realmente morreu para o mundo e que vive para uma missão. Ele sabe que é um Embaixador da salvação. Há, também, algo mais no viver do evangelista. Ele deve viver de tal forma que as pessoas que o observam possam ser tocadas pelo poder da Palavra Viva em sua vida. “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas (1Tm 6.12).
Sua vida é absorvida pela vida de Cristo. O amor do Senhor o move poderosamente numa paixão, não pelo trabalho de evangelizar ou por qualquer outra coisa, mas pelas almas. “No evangelista, a paixão pelas almas atinge o ápice e a consumação na forma dum ministério que domina e absorve toda a vida.” [O. S. Boyer, Pequena Enciclopédia Bíblica, Ed. Vida, 1986, Pág. 253] Ele quer ganhar almas até mesmo por simples gestos cotidianos. Sua vida será de tal forma que envolverá as pessoas, chamando sua atenção para Alguém maior e dado uma atmosfera espiritual ao seu ambiente. O estilo de vida do evangelista é disciplinado, não sendo por isso preso a regras ou mandamentos de homens. Um viver com Cristo.
Seu estilo de vida o levará a um bom relacionamento com todos que o cercam, afinal ele é luz do mundo como Cristo.

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