segunda-feira, 7 de junho de 2010

Seus Relacionamentos

“... Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.”
Atos 10.38

O ser humano tem uma gritante necessidade de se comunicar, de se relacionar com outras pessoas. Ele quer falar, ouvir e integrar-se ao seu ambiente. Nesta integração as pessoas buscam padrões de comportamento e caráter nos quais se espelhar. Por isso, a sociedade em suas relações está sempre buscando nas entrelinhas a verdadeira face das pessoas. O evangelista também é um ser de relações. Porém, ele é um alvo, é centralizador. Por sua unção e propósito ele atraí as pessoas para perto de si. Ele chama a atenção por causa do perfume de Cristo, que é cheiro forte de vida e de morte. Por ser um ‘representante autorizado’ da nova vida em Cristo ele deve relacionar-se de maneira especial com o mundo que o cerca. O evangelista nunca é um ‘fruto do meio’ porque o ambiente não o intimida ou contagia. Pelo contrário, a atmosfera espiritual se transforma na presença do evangelista.
O evangelista não carrega a mensagem da salvação no folheto que distribui, ou guardada na cabeça para ser engatilhada quando preciso. Não. Ele leva mensagem e a salvação em si mesmo, ou seja, é Cristo e não ele vivendo sua vida. Portanto, todas as suas relações são marcadas ‘a ferro’ por causa da presença de Cristo. Por onde o evangelista passa ele deixa uma impressão de salvação. Ele influencia positivamente as pessoas e o ambiente.
No entanto, tais relações com seus semelhantes podem, via de regra, influenciar a vida, atitudes e mensagem do evangelista. Ele depende e precisa disto. Não é o caso de que a relação com Deus seja insuficiente, pois, embora sempre viva na presença de Deus, seu trabalho acontece ‘fora da porta’.

 O Relacionamento Com Sua Família
“Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel”
1 Timóteo 5.8
A família é um dos principais fatores na vida do evangelista. Ela o influencia, o fortalece, o encoraja ou o inibe e tolhe. Não se pode dizer a alguém como deve se relacionar com a própria família. Nunca! Porém, há alguns equívocos que, se não forem esclarecidos devidamente, farão com que o evangelista jamais seja completamente frutífero.
Quando a família do evangelista, ou parte desta, experimentou a salvação em Jesus Cristo e permanece salva, sua relação com ela deve ser como com membros da igreja e não simplesmente parentes. Tenho visto muitos homens e mulheres de Deus que se dão à obra e deixam sua família definhar espiritualmente. A família deve ser alimentada espiritualmente e ministrada como os demais irmãos em Cristo e antes destes até. Assim como não se deve tomar partido de um irmão desconsiderando outro, com a família deve-se fazer o mesmo. A família faz parte do plano de Deus para a vida do homem, e é mais importante ainda para a vida do homem de Deus. O inimigo de nossas almas usa, como estratégia, as bênçãos de Deus pervertidamente, para impedir a Graça divina na vida dos salvos. Veja o caso de Abraão com Ló, seu sobrinho, e Isaque seu filho (Gn 12.1, 4, 5; 22.2, 12). A família pode impedir, ou não, o agir de Deus na vida dos Seus chamados. Em todos os casos e situações deve-se tomar extremo cuidado para não agir somente por emoções ou interesses pessoais.
Quando a família, ou parte da mesma, ainda não foi alcançada pela salvação em Cristo? A resposta depende de uma melhor visão da passagem que diz: “...Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa” (Mt 13.57b). A interpretação é, em muitos casos, tão deturpada que há cristãos que dizem “santo de casa não faz milagre”. Com uma visão destas não faz mesmo. Concordaria com a interpretação de que não podemos ganhar nossos familiares se pudesse tirar da Bíblia o “crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.31). Podemos ganhar nossos familiares se os vermos como Deus os vê.
O evangelista se relaciona com os perdidos de sua família como se relacionaria com os perdidos do mundo. Isto é óbvio. Mas, na prática, o que vemos são ministros tratando os familiares como se eles fossem obrigados a crerem pelo simples fato de que há salvos na família. Um evangelista, ou qualquer outro cristão, que queira ganhar seus familiares para Cristo, deve vê-los como pecadores, perdidos, mortos no pecado, rebeldes à vontade de Deus, porque é assim que Ele os vê. Não se ora fervorosamente ou se esforça tenazmente por alguém que já está no seguro caminho da salvação. A verdade é que familiares sem Cristo são como os ‘amigos da igreja’, aquelas pessoas que sempre freqüentam nossos cultos, estão sempre aí, mas, não querem nada com Deus. Após minha conversão orava por minha mãe constantemente para que ela fosse salva. Orei por sete anos assim: ‘Senhor salva minha mãe, tão trabalhadora, tão sofrida etc.’ Sem resposta da parte de Deus. Quando descobri como Deus via minha mãe passei a orar assim: ‘Senhor salva minha mãe, pecadora...’ Um mês depois ela entregava sua vida a Jesus.
O evangelista deve crer com simplicidade na palavra de salvação. Ele deve crer em sua eficácia tanto nos perdidos da rua como nos perdidos debaixo do seu teto. E sem desculpas ele deve procurar saber porque tal e tal oração parecem não ser respondidas. Ele deve crer na pura e direta Palavra de Deus quando diz: “...Salvo, tu e tua casa”. Senão, não poderá ensinar isso aos seus convertidos. Santo de casa faz milagre sim, e faz o maior deles: A conversão das almas.
Uma das atitudes que tenho visto com freqüência é o evangelista cuidar tanto da obra de Deus que se esquece da família. Passa horas visitando e evangelizando e não consegue passar alguns minutos com a esposa e os filhos. Não se pode esperar que tal ministro alcance sucesso na carreira, mas com certeza seus dias estão contados. Ele não irá muito longe. Há, da mesma forma, evangelista que negligenciam, ou desprezam o ministério que suas esposas, ou maridos, têm recebido do Senhor e impedem estes de exercê-lo. Sem nenhum escrúpulo eles impedem a obra de Deus em seu próprio lar. O verdadeiro evangelista deve acima de tudo valorizar os da sua família e incentivá-los a prosseguirem no mesmo ministério.

A Relação Com Sua Própria Pessoa
“Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”
1 Coríntios 9.22

O evangelista terá grande sucesso no seu ministério se ele tiver certeza de quem ele é e para quê foi chamado. É bom para o evangelista conhecer tanto suas qualidades, quanto seus defeitos, tanto sua própria capacidade como seus limites. “O ponto de partida, tanto para o êxito quanto para a felicidade, é a adoção de uma imagem pessoal sã... um conceito pessoal de si mesmo é o núcleo de sua personalidade. Esta afeta cada aspecto de sua conduta humana.” La Obra Del Ministro, Ed. Ala Blanca, Pág. 20
Uma das coisas que mais afeta a eficácia de muitos ministérios é a dificuldade que ministros têm de se olhar no espelho da alma e se conhecerem francamente. O maior fracasso de um servo de Deus é se compadecer quando encara toda a podridão do mundo e mas quando encara a própria necessidade ou miséria acha melhor mudar de assunto.
Dizem que o pregador deve dramatizar a mensagem para que ela seja mais efetiva. Isto pode implicar numa atuação ou representação. Onde o evangelista estará fazendo o papel de fraco com os fracos, de forte com os fortes. Dizem que para ser um bom ator é preciso ter uma personalidade firme. Lembro-me quando um jovem fez o papel de Homem-Aranha na TV e poucos dias depois de a série acabar ele foi preso por tentar escalar um prédio como seu personagem. Se não se sabe quem se é como pode-se saber entrar e sair de um personagem? Apesar de que o evangelista nunca atua, fingindo ser ou viver o que não é, ele precisa parecer-se com os seus ouvintes. Ele precisará muitas vezes, quase que se tornar ‘como um deles’ para ganhar certas pessoas. Ele deve se enturmar e falar a língua de seus ouvintes.
Quando falamos de se ter uma boa relação consigo mesmo é porque temos visto muitas pessoas imitando Elias nas fraquezas. O profeta enfrentou, quase que sozinho, mais de quatrocentos sacerdotes, líderes do povo. Parecia um guerreiro matando toda aquela gente. Ao ouvir a ameaça de uma mulher... Cadê Elias? Na caverna, murmurando e brigando com Deus. Na contramão deste exemplo está Paulo quando diz que “...de boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (2Co 12.9). Paulo aprendeu a gloriar-se em qualquer situação, pois sabia Quem o havia chamado e o quê o aguardava. Paulo chegou ao ponto de falar do Evangelho de Cristo como sendo seu evangelho. Ele sabia o quê lhe havia sido confiado.
Como já dito, ele deve ter certeza da própria salvação. Ele deve saber que é um salvo e não apenas está salvo. “O homem que só sabe que é pecador e que Cristo é o Salvador, pode ser útil a outros que se acham na mesma condição... [mas não se] esperaria que este homem fosse utilizado amplamente no serviço de Deus.” [Charles H. Spurgeon, O Conquistador De Almas, Ed. Pes, 1986, Pág. 50] Ele terá sempre que se examinar, não só para se conhecer, mas para perceber aquilo que possa estar impedindo Deus de operar livremente em sua vida. Com a ajuda do Espírito de Deus ele deve tirar todo o impedimento e não se deixar reprovar. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).Para conhecer melhor a si mesmo ele precisa ter um referencial divino: o Espírito Santo e a Palavra.

A Intimidade Com O Espírito Santo E A Palavra
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!”
2 Coríntios 13.13

É certo que ninguém tem como saber de nossa relação com Deus. Quando estamos a sós com o Senhor, ser humano algum pode saber qual é a profundidade deste encontro. Porém, a relação com Deus nos põe numa posição onde todos podem contemplar a beleza da santidade do Senhor em nós. O cheiro de Cristo exala de nós após este encontro. As pessoas podem não saber como, mas elas percebem se tivemos um encontro com Deus ou não. A relação do evangelista com o Espírito Santo deve ser diferente de tudo o que já se ouviu a respeito e de forma quase indescritível. Ele deve ser completamente submergido no Espírito, submisso à Sua direção. Ter uma comunhão fora do comum, que fará com que sua mensagem, sua vida, seus gestos e tudo mais em seu ser se transformem em poderosas armas de testemunho do poder e graça de Deus.
O evangelista deve ter tal intimidade com o Espírito que, palavras tais como ‘revelação’, ‘visão’ e ‘poder’ serão comuns em sua experiência e não somente em seu vocabulário. Sem essa relação ele não passará de ‘alto-falante’ espiritual, repetindo chavões e experiências de outros. Embora fale muito bem, explique claramente, ensine coisas bonitas, sem a unção do Espírito, não será mais do que um bom orador ou mestre. Essa oratória ou repetição às vezes é efetiva, mas não por muito tempo. Tenho visto evangelistas que são verdadeiros avivalistas. Pregam e ‘o fogo desce’. Porém, estes evangelistas não podem pregar muitos dias na mesma igreja. A razão disto é que seu repertório é limitado e sem experiências novas com Deus.
Deus providenciou um meio para que o evangelista estivesse sempre ligado à fonte divina de poder transformador: uma relação íntima com o Espírito Santo. Sem essa relação não há autoridade, poder para curar e libertar, manifestações transformadoras ou salvação. Esta relação é mantida através de uma vida de oração sincera, fervorosa e constante. E através de uma busca e meditação profunda na Palavra de Deus e de jejuns bíblicos. Só assim ele poderá estar ligado Àquele que pode fazê-lo frutífero.
Parece uma cobrança muito forte quando falamos em efetividade. Pode-se pensar se é obrigação ser assim tão efetivo, porém, a Bíblia nos diz que somente nós, que estamos na dispensação da Graça, possuímos o privilégio de termos, em nosso íntimo, o Espírito Santo da Promessa. Esta unção nos faz maior em tudo, principalmente em obras: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele (Mt 11.11). Falando dos homens do Antigo Testamento: “provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Hb 11.40). O próprio Jesus nos advertiu: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai” (Jo 14.12). O Espírito Santo veio trazer o poder para o serviço. Este é o poder do Alto. O verdadeiro evangelista é cheio deste Espírito e deste poder.
A relação com a Palavra de Deus deve ser muito marcante. Porque é a Palavra a única ferramenta indispensável do evangelista. Deve ser uma relação entre dois seres vivos: o Evangelista e a Palavra. “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz...” (Hb 4.12). A Bíblia não é somente viva mas, é a própria transmissora da vida de Deus.
Tal intimidade com a Palavra Viva de Deus será demonstrada pela facilidade do evangelista em expor a verdade bíblica e em manifestar o poder do Evangelho em sua mensagem. Ele conhecerá a Palavra e a cumprirá cabalmente em sua vida. Ele vai viver o que prega pois é aí que está a chave da vitória. “Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o cuidado de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás...” (Js 1.7, 8).
Uma relação profunda com a Palavra de Deus fará com que o evangelista veja o mundo pelo prisma da mesma. Ele verá o mundo perdido com os olhos e a compaixão de Deus. Da mesma forma ele verá a mensagem de Salvação e a cruz de Cristo em todas as passagens da Bíblia.
Esta comunhão com o Espírito e a Palavra da Deus levará o evangelista a ter uma relação mais forte com o Corpo de Cristo, a Igreja de Jesus, que o apoiará e fortalecerá sempre.

Equipe de trabalho

“Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela mnha vida expuseram as suas cabeças...”
Romanos 16.3, 4

O verdadeiro evangelista não tem seguidores. Ele tem outros evangelistas sendo formados ao seu redor. Trabalhar em equipe é o principal item de relacionamento que prova que o evangelista sabe que Deus o chamou e que somente Deus vai retirá-lo de sua posição. Ele não teme ser substituído por outro de sua equipe. Equipe de trabalho não é equipe de apoio, a qual o evangelista se utiliza dela como quiser. É uma equipe de iguais, onde ele descansa e confia em cada um dos seus componentes.
Como pode o evangelista subir no púlpito e dizer: ‘Deus tem um plano em sua vida, venha trabalhar comigo ganhando almas para Jesus.’ E depois ele se mostrar arredio quando o assunto é trabalhar com os outros? Há evangelista que são tão bons que pensam não precisar de uma equipe de pessoas como ele. É interessante notar que todos os evangelistas internacionais não trabalham sozinhos. E têm geralmente uma grande equipe os assessorando.
Paulo no último capítulo de Romanos faz uma lista de cooperadores. Irmãos e irmãs sem os quais Paulo passaria apertos em seu ministério. Como o apóstolo devemos ter e confiar plenamente em pessoas que Deus envia para trabalhar junto a nós. “O SENHOR está comigo entre aqueles que me ajudam...” (Sl 118.7).

A Reciprocidade Com A Igreja

“E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia
Hebreus 10.24, 25

O evangelista não depende só do apoio e fortalecimento que vem da comunhão com os santos. O evangelista é um dom de Deus à Igreja, está na Igreja para servi-la incondicionalmente. À medida que ele a fortalece e confirma trazendo almas para dentro, ele é renovado em ânimo e corroborado na fé. Com a igreja ele saberá que tem ‘as costas quentes’ porque sempre haverá quem interceda por ele. “O pregador que tenha que ir para o trabalho ao ar livre inteiramente só, estará em situação deveras infeliz. É extremamente proveitoso estar ligado a uma igreja zelosa e dinâmica que estará orando por você.” [Charles H. Spurgeon, O Conquistador De Almas, Ed. Pes, 1986, Pág. 127]
Tenho ouvido falar e até conversado que pessoas que dizem que têm um chamado ‘ministério de peregrino’ onde o ministro não se compromete com igreja alguma. Não têm a quem relatar, nem a quem recorrer. São pessoas solitárias ministerialmente falando. Não há base bíblica para isto. Estas pessoas se isolam porque não querem se sujeitar. Com a desculpa de que vão tolher seu ministério eles fogem da hierarquia eclesiástica como se esta fosse danosa para seu chamado. A Bíblia diz “busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria” (Pv 18.1). Portanto estar sem uma igreja para congregar, ser ministrado e fortalecido é suicídio espiritual.
Paulo, um dos maiores exemplos de evangelista, dificilmente andava sozinho. “Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha” (Rm 1.11, 12). Ele confirmava as igrejas e recebia fortalecimento e ânimo em troca. Sabia que mesmo antes de começar a trabalhar para o Senhor já havia quem intercedesse por ele (Gl 1.22-24). Ele se entristecia pela igreja e com ela se alegrava. Tinha tal relação com a igreja que sabia a quem encomendava as pessoas ganhas por sua mensagem como fez com Onésimo a Filemon. Não há evangelista que possa trabalhar bem não tendo uma boa relação com a Igreja e principalmente com uma congregação local.
É quase impossível para o evangelista fazer um trabalho satisfatório (se é possível algum trabalho ser satisfatório) sem uma cobertura de intercessão vinda daqueles com quem ele convive. Uma igreja que conheça a vida do evangelista de perto saberá ministrar suas fraquezas e melhorar suas qualidades. Um evangelista que não tenha uma convivência regular com outros ministros e membros do Corpo, dificilmente irá terminar bem o seu ministério.
A necessidade de se ter uma ligação forte com uma igreja local é a mesma do pescador que, pesque muito ou pouco, precisa voltar ao porto. A igreja é o porto para o evangelista. A igreja é aquela que cuida e fortalece os filhos, frutos, do seu ministério. A obra do evangelista “só faz sentido em ligação com a edificação das igrejas locais de Jesus Cristo. Tudo quanto ele faz deve ter este alvo: que as pessoas sejam conduzidas à igreja onde é pregada a Palavra viva de Deus... Campanhas sem igrejas locais são apenas algum tipo de espetáculo, porque lhes falta o alvo divino.” [Reinhard Bonnke, Evangelismo Por Fogo, Ed. Atos, 1994, pág. 103, 104.]
Ela é a principiadora do ministério, pois é da igreja que ele sai: “E, servindo eles [a Igreja] ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2).
A igreja é a motivadora e sustentadora como pode-se ver em muitos trechos onde a ajuda, tanto financeira, espiritual e psicológica, contaram muito para o ministério de Paulo.
Ela é fonte para o evangelista, tanto de materiais como de inspiração e ânimo.
A igreja o ajudará ter não somente uma boa visão do trabalho, como também, uma visão melhor do mundo perdido.

A Interação Com O Mundo

Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”
Mateus 5.14

O mundo é muitas vezes sinônimo de dor de cabeça para o crente e para pastores. No caso do evangelista o mundo é o alvo. “O campo é o mundo...” (Mt 13.38). A relação com o mundo deve ser interativa. Ele deve dar ao mundo a luz e a verdade em sua vida e o mundo deve dar-lhe áreas para trabalhar. À medida que ele ilumina o mundo perdido ele percebe onde há maiores necessidades e onde há urgência. O evangelista deverá conhecer o mundo de maneira empática afinal ele veio do mundo perdido para Cristo. Não será alienado aos modismos e influências sobre as pessoas mundanas. Ele deve se relacionar com o mundo para aprender sobre ele, porque se for alheio ao mundo certamente pregará uma mensagem distante para os ouvintes.
O evangelista deve tornar “objeto de estudo constante, reflexão diária e oração, o prender como se relacionar com pecadores e promover a conversão deles”. [Charles G. Finney, Reavivamento: Como Experimentá-Lo, Ed. Vida, 1991, Pág. 87]
Ele deve andar nas ruas e ouvir as pessoas. O que dizem? Sobre quem falam? Quais os seus anseios e temores? O que vêem na mídia? Como usar estas coisas, ou afastá-las, para a conversão das pessoas que Deus nos entregou?
Paulo quando pregava, costumava saber sobre os costumes do lugar onde estava. Frases como: “...como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” (At 17.28), provam isto.
Não obstante, ele não se aliará ao mundo, porque isto seria desastroso: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4). O evangelista, até por necessidade, terá uma proximidade muito grande com os perdidos, não tendo, porém, conformidade com o modus vivendi das pessoas. Se ele se corromper, como poderá ganhar alguém para Cristo?
Conhecendo profundamente as influências, modismos, pressões e o mal inerente do mundo perdido, ele poderá buscar uma maneira para ministrar e resgatar as pessoas presas a isto. Não somente as pessoas perdidas mas também os crentes levados a Cristo por ele, devem ser ministrados e fortalecidos contra estas influências.
Estes crentes são os seus filhos na fé, por quem o evangelista buscará toda a graça de Deus em seu ministério.

A Convivência Com Os Filhos Na Fé

“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”
Gálatas 4.19

Os filhos na fé são aquelas pessoas geradas em Cristo pela ministração de alguém, também chamados de discípulos. A relação do evangelista com seus filhos na fé, como Paulo descreve em Gálatas 4.19 e Filemon 10, é exatamente como a relação entre um pai biológico e seus filho. As palavras “filho” e “pai” em si só, já denotam responsabilidade e cuidado. E é este tipo de relação de que Paulo fala nos trechos citados.
Os filhos estão sempre esperando nos pais: cuidado, atenção, educação, proteção. Espiritualmente falando: Cuidado é a atenção dada aos primeiros passos e na libertação das marcas do pecado. Atenção é a ênfase na nova vida e no futuro ministério no Corpo de Cristo. Educação é o discipulado, tanto teórico como prático reproduzindo um ministro igual, ou melhor, que ele. Proteção é acima de tudo uma cobertura constante de oração pelas almas preciosas que o Senhor confiará a ele.
Os pais, evangelistas, zelam pelos filhos na fé, para que estes cresçam e estejam preparados realmente para a obra de Deus. Desta forma não haverá descanso para o ministro “até que” ele veja em seus filhos um perfeito processo de amadurecimento sendo efetuado.
O evangelista procurará ensinar, discipular e disciplinar o novo convertido com o cuidado e zela de um pai biológico. Ele se entristecerá com as faltas e vícios do novo convertido como uma mão amorosa e justa. Que ama a ponto de perdoar as faltas mas não ignora as cobranças que os erros trazem. Parece exagero? Pense bem: “...por quem de novo sinto as dores de parto, até que...” Esta relação é realmente se importar com as almas eternas dos homens mais do que com números estatísticos. Os filhos na fé, são realmente isto: filhos, e não números a relatar. Um evangelista que ganhando centenas de almas por dia e se entristece por uma delas que não permanece firme. Há aqueles que se dizem evangelistas, mas que trabalham por números e não por almas. É capaz de dizer quantos almas tem ganhado nos últimos dias em detalhes (‘em tal pregação, dez... em outra, vinte...’) mas não é capaz de dizer um nome sequer de uma delas. O Senhor da Seara que nos chama para o trabalho vê cada pessoa como uma peça única e insubstituível no plano de salvação, Ele não vê números mas sim, pessoas. E chama cada uma delas pelo nome.
Se o evangelista fizer desta forma, ele demonstrará ter, do princípio ao fim, uma perfeita e aguçada visão da obra gloriosa de levar homens ao encontro com Deus em Cristo Jesus.

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