terça-feira, 8 de junho de 2010

A Obra Do Evangelista

“Portanto, ide, ensinai [ou fazei discípulos] todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”
Mateus 28.19
A obra deste ministro especial do Evangelho é difícil de ser resumida e se explicada cabalmente, com certeza mereceria outro livro. O Senhor Jesus, o evangelista por excelência, resumiu Sua obra da seguinte maneira: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). A tradução do nome ‘evangelista’ diz tudo: ‘Anunciador de boas-novas’. As Boas-Novas do Reino de Deus e da Salvação em Cristo Jesus.
A obra do evangelista, o evangelismo puro e simples, já foi retratada de muitas maneiras. Porém, há duas formas para mim que são muito interessantes:
A primeira é a resposta de um grande evangelista quando lhe perguntaram sobre o que era o evangelismo:
“Somos semelhantes a um mendigo que achara pão, e agora, já satisfeito, anunciava aos outros o caminho do alimento!”
Que analogia! Quando Jesus nos manda ensinar a outros significa que nós já tenhamos aprendido. Quando nos manda fazer discípulos é porque deveríamos já ser discípulos dEle. “Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido” (At 22.15). Levamos as pessoas ao Deus com Quem tivemos um encontro prévio. Distribuímos um maná do qual já comemos. Falamos de uma salvação no sangue do qual já nos lavamos. “Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20).
O segundo exemplo é uma história interessante de como um artista procurou pintar um quadro sobre o evangelismo:
“No quadro ele pintou uma tormenta no mar, um bote sendo destroçado pelas ondas e jogando seus tripulantes ao mar e, numa rocha que saía das águas, um marinheiro apoiado com ambas as mãos para se salvar. Ao olhar para o quadro, o pintor ficou insatisfeito e quis fazer outro. Então, ele pintou a mesma tempestade, o mesmo cenário de desespero, o mesmo naufrágio, os mesmos homens aflitos pedindo por socorro e mesma pedra salvadora. No entanto, ele acrescentou algo diferente, um homem bem apoiado sobre a Rocha que estava no meio das águas revoltas. Com uma das mãos ele se firmava na Rocha e com a outra oferecia socorro a quem quisesse sair da água.” [Extraído De Ellos Connocieron Al Maestro, Robert Coleman]
É preciso entender que o evangelista é como uma ponte entre os homens pecadores e o Deus Justo. Ele se firma na Rocha de Salvação, que é Jesus Cristo, e estende-se novamente para onde veio arrebatando alguns da morte.
Vemos nas duas ilustrações que é necessário que o evangelista não somente compartilhe a Palavra da Salvação, mas também, sua própria experiência de vida. Para levar outros à salvação é indispensável ser completa e profundamente salvo.
Como a Bíblia apresenta esta obra maravilhosa é sobremaneira espantosa, porque toda a Escritura está repleta de exemplos, tipos e sombras da maior obra que alguém pode fazer no Reino de Deus: Ganhar almas!

No Que Se Refere A Si Mesmo:
É Ana orando pedindo um filho nos primeiros capítulos de I Samuel. Se alguém quer ser um ganhador de almas ele tem que pedir a Deus estas almas. Tem que clamar ao Senhor por filhos. Pedir à Videira Verdadeira que nosso ramo dê frutos. Como o evangelista D. L. Moody que disse: “Senhor, dá-me almas senão eu morro!”
É Davi almejando fazer habitação para o Senhor. No caso do evangelista é o desejo de ver a presença e a glória do Senhor manifestadas em si mesmo. O desejo de ser tabernáculo do Senhor para a redenção das almas.
É Jesus quando na Glória, dizendo: “Eis aqui venho...” (Sl 40.7). Aquela disposição altruísta de se colocar como sacrifício em prol do homem perdido.

No Que Se Refere Às Pessoas Perdidas:
Ministros especiais da reconciliação com Deus, através de Cristo. “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2Co 5.18). Pescadores de homens. “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). Seguir Jesus e permitir que ele molde sua vida fará com que homens sejam arrastados pela rede da redenção.É semeadura e colheita. “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126.6). É levar a Palavra de Deus aos homens e trazer os corações destes em resposta positiva a Ele. A promessa de Deus é que sempre haverá colheita abundante.A boca de Deus no mundo. “Abre tua boca que encherei...
É Abraão intercedendo por cidades pecadoras numa verdadeira empatia com seus habitantes.
É Sansão ateando fogo na seara do inimigo. Impedindo que a colheita do inimigo seja maior que a do povo de Deus. Criando meios de que o fogo do Espírito invada aqueles que estão sendo ceifados pelo adversário.
A obra do Atalaia de Deus (Ez 3.16-27). Na responsabilidade de não deixar ninguém inocente. Não se intimidando com o homem, mas denunciando seus pecados com o temos de Deus.
É João, o Batista, pregando convicto da proximidade do Juízo e da maior proximidade ainda da Graça salvadora de Deus chamando as pessoas ao arrependimento genuíno e ao encontro do Noivo Jesus.
É Jesus agonizando pelos pecadores, intercedendo no Getsêmani e se entregando no Calvário por sua completa salvação. Intercedendo e gemendo para que a atmosfera espiritual seja completamente positiva ao milagre da redenção.
É Paulo anunciando com poder que a reconciliação é possível para todos, judeus ou gentios.
É o homem restaurado, anunciando que o preço já está pago, que a dívida já não existe, que o próprio Deus, que ama profundamente Sua criação, se entregou pelo homem.

No Que Se Refere Ao Corpo De Cristo, Os Salvos:
Em Efésios 4, o Espírito diz que o evangelista foi dado por Deus à Igreja, para o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do Glorioso Corpo de Cristo. Fica claro, então, que ele foi dado para a construção interior da Igreja, aos santos, convertidos e salvos. Portanto sua obra não é somente “fora da porta”. Seu trabalho não é somente nas ruas e casas, mas nos púlpitos e tribunas, não permitindo que os crentes em Cristo esqueçam da missão da igreja. É como quando Hudson Taylor, missionário na China, pregava e fazia arder a chama das missões nas igrejas da Inglaterra do século XIX.
É Isaías mostrando a ofensa e ferida, e depois, a revelando a esperança da cura eterna.
É Oséias querendo que NÃO-MEU-POVO passe a se chamar MEU-POVO.

Há cinco requisitos imprescindíveis para o evangelista realizar sua obra, sem os quais ele fará uma obra medíocre, ou sem frutos correspondentes ao seu trabalho:

A Visão

Quando falamos de visão estamos nos referindo à capacidade de perceber oportunidades em cada evento do cotidiano, à habilidade de ver a longo prazo e à aptidão de ter olhos para as possibilidades de Deus. Uma pessoa com visão sempre estará um passo à frente no que se refere à obra de Deus. Quando alguém passa a ver além do natural, do visível, do agora, esta pessoa se torna uma estranha para os outros. Isto porque vê além do possível, além do tangível.
O apóstolo Paulo orava para que seus imitadores tivessem este tipo de visão. “os sofrimentos não são para se comparar... Hudson Taylor tinha tal visão aguçada e de longo prazo quando disse que “a obra de Deus tem três fases: ela começa difícil, depois torna-se impossível e então é feita.”
Ter visão é conhecer a dimensão do trabalho a ser feito; conhecer a própria habilidade; saber sobre o material disponível e reconhecer a dependência da direção, força e sabedoria de Deus. Ver ‘além da semente’. Ter visão é ser completamente sensível às mudanças que ocorrem em cada fator citado acima e continuar trabalhando, a despeito das mudanças.
A este respeito há uma história interessante, sobre como a visão de alguém pode alterar seu desempenho e futuro:
“Um jovem vendedor foi enviado a uma região da África para representar uma fábrica de sapatos. Pouco tempo depois, ele voltou desanimado e desiludido e disse aos seus superiores: ‘Por que fui enviado a tal lugar? NINGUÉM LÁ USA SAPATOS!’
“Algum tempo depois, outro jovem foi enviado para a mesma região. Imediatamente após ter chegado, telegrafou para seu chefe, dizendo: ‘Enviem-me sapatos aos milhares. NINGUÉM TEM SAPATOS NESTE CONTINENTE!’” [La Obra Del Ministro, Ed. Ala Blanca, Pág. 24]
A diferença principal entre o sucesso e o fracasso está diretamente ligada à visão que nos temos dos fatos.
João, no capítulo nove, mostra-nos que um cego pôde ver muito além do natural quando foi tocado por Jesus. Quando cego, ninguém se importava com seus problemas. Por que temer aos religiosos poderosos agora que foi tocado por um homem de Deus? O homem dava testemunho do Filho de Deus sem conhecê-lo tão bem assim. Isto porque sua perspectiva antes vinha somente dos outros sentidos, que não a visão. Agora, porém, ele podia ver com os olhos físicos, mas não se limitou a isto. O ex-cego disse: “Nisto, pois, está a maravilha: que vós não saibais de onde ele é e me abrisse os olhos. Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse ouve. Desde o princípio do mundo, nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.” (Jo 9.30-33).
Para se ter a visão que Deus quer que tenhamos é preciso saber que não vem de nós mesmos. Precisamos da perspectiva de Deus. Ver os acontecimentos, positivos ou negativos, ver as pessoas, as ruas, a cidade e o mundo como Deus os vê.
Sem visão, a Terra prometida não será mais do que um paraíso perigoso. “E contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Anaque.” (Nm 13.27, 28). A visão é o que fez diferença entre Josué, Calebe e os outros espias.
Um ex-candidato a presidente dos Estados Unidos, disse: “Algumas pessoas vêem as coisas como são e dizem: ‘Por quê?’ Outras vêem as coisas como são e dizem: ‘Por que não?’” [La Obra Del Ministro, Ed. Ala Blanca, Pág. 25]
Tendo uma visão completa e divinamente ampliada, alcançaremos o que chamamos conhecimento de causa.

Conhecimento De Causa


“Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus... Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”
1 Coríntios 2.11, 15, 16

É o conhecimento do porquê das coisas. O que fez com que tudo estivesse como está. É saber porque e como chegamos até esta altura das situações.
O evangelista dever ser, ao pesquisar sua comunidade-alvo, como uma criança que, cansativamente, pergunta: “Por quê?” Ao fazer perguntas como: “Por que ainda não foram evangelizados?” ou “Por que tais pessoas não atendem ao Evangelho?” É reconhecer todos os fatores ‘prós’ e ‘contras’ da evangelização local.
Em termos militares é fazer uma batida, é espiar a terra. Sansão não teria soltado as raposas se não soubesse que era tempo de colheita e que o fogo se espalharia mais rápido e a destruição seria maior porque tudo estava propício para isto.
É ir fundo no ambiente de seus ouvintes, é conhecer seu habitat. É passar a conhecer a realidade de vida destas pessoas. Jesus tinha este conhecimento, sabia qual era a realidade das pessoas de seu tempo. Por Seu conhecimento Ele pregava o que precisavam ouvir e não o que queriam ouvir.
Se não houver este conhecimento o pregador se verá diante de situações que poderão fechar, definitivamente, as portas para o Evangelho no lugar onde estiver.
É claro que haverá momentos nos quais o próprio evangelista não terá tempo para pesquisas. Como aconteceu com o evangelista Charles Finney que foi convidado por um desconhecido para pregar numa cidade próxima de onde estava. Chegando lá, percebeu como as pessoas eram depravadas e de linguajar imundo. À noite quando ia pregar, teve um ‘branco’ na mente que o impediu de pensar sobre o quê iria pregar. Então ele começou a falar sobre Sodoma e Gomorra, sobre a depravação daquelas cidades e de como Deus se vingou do pecado deles. Pouco depois, ainda durante a mensagem, os homens lhe dirigiam olhares odiosos e por pouco não subiram no palanque para matá-lo. Qual era o problema? O estranho que o convidou chamava-se Ló e a cidade onde estava Gomorra. Realmente, se não fosse pela grande unção de Deus sobre ele para ministrar ali, ele teria fracassado, porque não tinha a menor idéia de onde estava.
O conhecimento de causa é um tipo de pesquisa de terreno. É como quando um exército analisa o campo adversário, preparando-se para a vitória. Fazendo isto, analisando o terreno do inimigo, (não somente pela observação, mas buscando orientação do Senhor sobre as coisas invisíveis) o evangelista será levado à descoberta de fatores que influenciarão positivamente a comunicação do evangelho àquelas vidas. Descobrindo possíveis impedimentos e dificuldades como: analfabetismo, fome, linguajar, costumes, religião, política, pecados coletivos, maldições, demônios e muitas outras coisas que podem ser usadas pelo Inimigo para impedir a obra, será mais fácil combater o mal pela raiz.
“Conhecendo as pessoas a quem se ministra, pode-se ter entendimento valioso a usar em estratégias futuras para evangelizar sua comunidade.” [Compartiendo La Vida Eterna, Manual Del Pastor, Ed. Ala Blanca, Pág. 7]
tendo um profundo conhecimento da realidade de vida das pessoas, o evangelista terá maior facilidade de fazer uma contextualização da mensagem, indo direto ao coração dos seus ouvintes.

Contextualização Da Mensagem


“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”
1 Coríntios 2.14

Esperar que o homem sem Deus entenda e atenda aos apelos do Evangelho é esperar um verdadeiro milagre. Ele não pode compreender aquilo que é espiritual e muito superior a este mundo material. Falar da Graça Salvadora de nosso Deus é tentar colocar na cabeça de homens finitos e cegos aquilo que é luz sempiterna. A mesma mensagem que pode fazer com que milhares aceitem a Jesus pode, dependendo do lugar e pessoas a quem é pregada, pode criar animosidade e briga.
É aí onde entra a contextualização, que é trazer a mensagem ao entendimento dos que nos ouvem. É a comunicação eficaz do Evangelho. É comunicar o evangelho comum a todos os ouvintes. É fazer com que a Mensagem seja clara, convincente e irresistível para quem a ouve. É empregar métodos evangelísticos mais apropriados e eficazes, usando como base o conhecimento da verdadeira necessidade do homem e da realidade dos ouvintes.
O próprio Jesus nos deu exemplo disto. Observe que Ele usou diferentes métodos de abordagem para pessoas diferentes, a fim de chegar ao Seu objetivo.
“Jesus viu Natanael vir ter com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo. Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu estando tu debaixo da figueira. Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel. Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás. E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que, daqui em diante, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem” (Jo 1.47-51).
Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.2-6).
Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)? Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”. (Jo 4.7-10).
Os escritores dos Evangelhos escreveram os fatos sobre Jesus sob óticas diferentes porque tinham públicos-alvo diferentes.
Mateus falou de Jesus como sendo o Messias-Rei prometido nas escrituras hebraicas, porque ele escreveu aos judeus que ansiavam pelo Reino dos Céus.
Marcos falou sobre o Servo do Senhor Iavé para os romanos que tinham como senhor a César, para que deixassem este e seguissem Àquele.
Lucas falou sobre o Filho do Homem, um Salvador humano que se compadece dos sofrimentos por conhecê-los, porque escreveu a gentios que viam distante a salvação do Todo-Poderoso.
E João apresentou o Filho de Deus a judeus incrédulos. Eles descreveram a mensagem de forma a ser compreendida pelos leitores.
Paulo também utilizou-se do mesmo método com seu público-alvo quando pregava de diferentes maneiras para prender sua atenção.
A contextualização se dá quando o evangelista tem que moldar sua mensagem para que seja compreendida pelos seus ouvintes. Moldar a mensagem, não quer dizer quanto ao conteúdo, mas sim, quanto a forma que deve ser a mais clara possível e dentro das necessidades dos ouvintes. E também acontece quando ele tem que criar modos diferentes de abordagem.
A contextualização envolve também a ministração completa.


“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão”
Marcos 16.15-18

“Há mais mistérios entre o céu é a terra do que imagina nossa vã filosofia” (William Shakespeare). Sem dúvida esta é a realidade que vivemos hoje. Quanto mais nos aprofundamos no conhecimento das pessoas e suas prisões pessoais mais constatamos que pouco, ou nada, sabemos sobre a realidade espiritual moderna. Não se pode viver fugindo constantemente de nossa responsabilidade de ministrar plenamente o mundo: pregar o evangelho completo a todos os homens manifestando os dons do Espírito Santo e operando milagres, curas, libertações e a salvação completa e visível em Jesus Cristo.
Fome, ódio, inimizades, doenças, problemas financeiros ou familiares, demônios, envolvimento com o mal, etc. problemas como estes podem impedir ou dificultar a eficácia do ministro evangélico no que concerne à comunicação do evangelho. Se ele não estiver preparado para ministrar em todas as áreas do seu próprio campo de trabalho, com certeza, ele nunca será de bênção para o mundo.
Talvez, o maior obstáculo à ministração completa seja a ESCOLA DO SADUCEUS contemporâneas. Os saduceus formavam o segundo maior grupo religioso no tempo de Jesus. Eles tinham um modo materialista e racionalista de pensar: não criam no espiritual, nem em anjos ou demônios, e nem na ressurreição (At 23.8). Hoje em dia, infelizmente, há mais saduceus nas fileiras do ministério do que se pode imaginar. Pessoas que limitam o poder de Deus à sua própria experiência. “isso não existe porque nunca aconteceu comigo!”
O homem perdido, sem dúvida, é totalmente responsável por seus atos pecaminosos. Porém, muitas das vezes, quando se prega, percebe-se que há obstáculos espirituais, impedindo-os de atender à voz de salvação. Estes obstáculos devem ser retirados ou não haverá resultados positivos. A libertação das almas presas nas mãos do inimigo, a cura das enfermidades físicas e espirituais, a quebra de maldições hereditárias e muitos outros modos de ministrar devem acompanhar a pregação da Palavra de Deus.
A Bíblia não ensina orar a Deus para que estes milagres de cura ou de libertação se manifestem no ministério do pregador. Jesus deu uma promessa direta aos que crêem: “e, estes sinais seguirão aos que crerem...” A Palavra de Deus, contudo, exorta a buscar “com zelo os dons espirituais”. O evangelista buscará os dons e o poder de Deus porque estes são necessários para o êxito de seu ministério.
A ministração completa inicia-se com o conhecimento de causa, a mensagem pregada, os dons manifestos e tem sua continuidade através do discipulado.

Discipulado


“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai {ou fazei discípulos} todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!”
Mateus 28.18-20

Há pregadores que se contentam em ver as pessoas levantando os braços e confessando Jesus como seu Salvador. Não se preocupam se estas almas serão bem acolhidas pela comunidade cristã local, se serão bem alimentadas com a Palavra ou se permanecerão firmes até o fim. O discipulado é dar continuidade ao trabalho do evangelismo.
“Fazei discípulos é o único imperativo e a atividade central indicada na Grande Comissão.” [David H. Hesselgrave, Plantar Igrejas: Um Guia Para Missões Nacionais E Trans-Culturais, Ed. Vida Nova, 1984, Pág. 15]fazer discípulos é esculpir vidas moldando o caráter das pessoas para que se tornem iguais ao pregador. “O discipulado cristão é um relacionamento mestre e aluno, baseado no modelo de Cristo e de seus discípulos, no qual o mestre reproduz tão bem no aluno a plenitude da vida que tem em Cristo, que o aluno é capaz de treinar outros para ensinarem a outros.” [Keith Phillips, A Formação de um discípulo, Ed. Vida, 1992, pág. 16] O evangelista não tentará colocar as pessoas bitoladas, robotizadas ou sem personalidade própria, mas levará o discípulo até Jesus através de uma convivência pura e sem artificialismos. O objetivo é fazer com que o crente se torne um reflexo de Cristo “até que Cristo seja formado” nele (Gl 4.19).
Quando chegar neste ponto, em que o crente se torne como o ministro, o trabalho terá sido concluído com aquela alma. Mas, o processo com a mesma não acabará nunca. Ele cria, naturalmente e sem imposições, um vínculo com o discípulo. O amor de Cristo o constrange a apascentar Seus cordeiros (2Co 5.14; Jo 21.15d).
Na verdade, a “obra de um evangelista”, assim como de todo ministro, não tem conclusão, não nesta terra, pelo menos.

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